Os ajustes e prazos: analista político defende que Cássio fez alerta, mas quer manter aliança com RC
O repórter político Luis Torres, em coluna no seu blog, defendeu que o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) fez apenas uma alerta ao governador Ricardo Coutinho (PSB) em todas as suas declarações desta segunda-feira (23). Para Torres, Cássio quer a manutenção da aliança, mas sinalizou que o governo precisa de ajustes, até para que ele (Cássio) tenha argumentos para manter PSDB e PSB unidos em 2014.
Confira o artigo na íntegra abaixo:
Cássio: os ajustes e prazos da aliança
Nenhuma vírgula a mais e talvez uma ou outra vírgula a menos. Mas, no geral, nada do que o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) disse nesta segunda-feira (23) à imprensa, durante festa de filiação do PSDB, sobre a aliança com Ricardo Coutinho (PSB) ele deixou de dizer no último encontro que teve com o próprio governador.
Aliás, impressionou a sensatez com a qual o tucano imprimiu a sua fala, diante de uma imprensa, faminta de manchetes, que espera o tão desejado dia, como quem é saudoso daquela história noite do Campestre, de anunciar o rompimento de ambos.
Lamentavelmente, na imprensa, a fala foi tratada como oficialização do rompimento. E não como realmente deveria ser: como a reafirmação de um alerta que o Cássio tem feito a Ricardo Coutinho de algum tempo pra cá, pautado na visão que tem do governo do PSB e da relação política com o governador, a fim de que a aliança seja, simplesmente, mantida.
Alerta de aliado, inclusive, que, no lugar de referendar tudo o que o outro faz, balançando a cabeça e dizendo “ta certo”, mantém a coragem de apontar erros e acentuar acertos. “É preciso consertar as coisas”, disse Cássio , claramente, na sua fala, sempre retomando o conteúdo do compromisso que serviu como base para que a aliança fosse fechada em 2010, e dando até o prazo de 2014 para que as coisas se ajustem.
E é preciso mesmo.
Ora, se o governo Ricardo Coutinho estivesse perfeito e sem erros não teria ninguém, à exceção de um grupo de meia dúzia, cobrando a volta de Cássio. Isso é lógica e o tucano disse isso a Ricardo no último encontro.
Por isso, os alertas sobre obras que estão demorando a sair do papel e a preocupação com o avanço nacional da violência urbana. Porque o tucano sabe que é o desempenho do governo Ricardo Coutinho que diminui e tira dele próprio a pressão de ser candidato dentro do PSDB. Ou seja, há uma proporcionalidade entre a defesa da candidatura de Cássio e o bom desempenho da gestão. Uma coisa puxa ou enterra a outra.
Além, claro, de uma valorização natural do legado que deixou como governador. Outro ponto que também merece atendimento.
Na lógica de Cássio, e ele não está errado em pensar assim, se José Maranhão (PSDB) fosse reeleito em 2010, as obras do PSDB na Paraíba estariam sendo todas ignoradas, porque Maranhão é um adversário. Mas Ricardo, como aliado, não. Tem, naturalmente, a responsabilidade de exaltar o aliado. Se tiver feito, mas não a contento do tucano, isso é outro debate.
O que não se pode negar é que Cássio reafirma a necessidade de revisão de conceitos para que a aliança seja mantida. Revisão que, em momento algum, parece ultrapassar o limite de autonomia do atual governador. E que, diante da clareza da fala do senador, foi tão nítida que até prazo ele deu: 2014, “quando o PSDB deve tratar sobre a tese de candidatura própria”.
Sensatez II
Abençoada pelo santo da sensatez nesta segunda, Cássio Cunha Lima ainda foi equilibrado num outro tema sobre o qual foi provocado ontem.
A decisão do STF em acatar os embargos infringentes e conferir um novo julgamento para doze réus do Mensalão, entre eles o ex-ministro José Dirceu. Um dos principais nomes da oposição no Senado Federal, Cássio Cunha Lima preferiu respeitar a decisão e não jogar pra galera adotando um discurso demagogo de morte aos mensaleiros. Deixou mostrar que compreende que se a lei permite a brecha dos embargos infringentes, não é a por pressão popular ou política que o Supremo deve rejeitá-la. Aliás, o próprio Cássio recorreu várias vezes ao STF para poder se manter no governo quando do processo de cassação no TSE.
Recursos existem para serem usados. E Cássio, apesar de ser oposição ao PT, referendou tal tese.
FONTE: Luis Torres
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