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sábado, 12 de março de 2016

JUSTIÇA

Juiz solicita mais tempo para decidir sobre a prisão do ex-presidente Lula

 


A decisão mais aguardada pelo país atualmente está nas mãos de uma mulher, e não é a presidente Dilma Rousseff. À juíza Maria Veiga Oliveira, da quarta vara criminal de São Paulo, cabe resolver se o antecessor da petista, Luiz Inácio Lula da Silva, será encarcerado ou não. É esperada uma resposta na próxima semana — a data ainda é um mistério. O Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva do ex-presidente ao apresentar a denúncia por fraudes na Bancoop, cooperativa falida de bancários de São Paulo. Para os promotores do caso, Lula deve ser tirado das ruas por prejuízo à ordem pública e por debochar do MP e do Judiciário.
Os promotores Cássio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo entregaram na quarta-feira denúncia contra Lula por lavagem de dinheiro e por falsidade ideológica, o que pode resultar em penas combinadas de quatro a 13 anos de cadeia. A mulher de Lula, Marisa Letícia, e um dos filhos do casal, Fábio Luís, também foram denunciados por lavagem de dinheiro. Outras 13 pessoas são arroladas na denúncia, incluindo o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso em Curitiba no âmbito das investigações da Operação Lava-Jato.
Ontem, ela determinou a manutenção do segredo de Justiça do processo. Ressaltou, em despacho, que “se trata de processo de elevada repercussão social, em que há acusações contra ex-presidente da República e requerimento de medidas cautelares sérias”, referência ao pedido de prisão de Lula. A juíza escreveu também que será “necessária a detida apreciação do todo o material apresentado, o que demandará algum tempo”.
O pedido de prisão de Lula causou comoção internacional. Uma declaração em sua defesa foi assinada pelo ex-secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) Juan Manuel Insulza e por 14 ex-chefes de Estado ou de governo, incluindo os ex-presidentes da Argentina Cristina Kirchner e Eduardo Duhalde; o chileno Ricardo Lagos; o uruguaio José Mujica; o paraguaio Fernando Lugo; e o ex-primeiro-ministro espanhol Felipe Gonzales. No texto, eles afirmam que “Lula não se considera nem está acima da lei. Mas tampouco pode ser objeto de injustificados ataques à sua integridade pessoal”.
Causou mal-estar ontem entre integrantes do Ministério Público em vários locais do país o pedido de prisão, que consideram infundados. Blat comentou que os críticos “são juristas que não conhecem os autos”. Blat também reagiu com irritação ao ser questionado sobre a citação errada do filósofo Friedrich Hegel — eles queriam, na verdade, mencionar Friedrich Engels, autor do Manifesto Comunista. “Vão caçar o que fazer. Vão catar coquinho”, afirmou. “É claro que nós sabemos a diferença entre Engels e Hegel. Numa peça de 200 laudas, falando de crimes essenciais, vão preferir ficar discutindo filosofia?”, disparou.

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