Parlamento da Turquia decidirá sobre pena de morte, diz presidente à CNN
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan,
afirmou nesta segunda-feira (18) que cabe ao Parlamento do país decidir
se restabelece a pena de morte. Mas, se assim for definido, ele tornará
lei essa medida, informou a rede de TV CNN.
"Caberá ao Parlamento tomar uma
decisão... Como presidente aprovarei qualquer decisão que sair do
Parlamento", disse Erdogan em entrevista à rede CNN, segundo a versão
traduzida pela TV da declaração do presidente.
Para Erdogan, a população turca acha
que "estes terroristas [os responsáveis pela tentativa de golpe da
sexta-feira ] devem morrer". "Por que eu deveria mantê-los e
alimentá-los nas prisões por anos?", questionou, na mesma entrevista.
A Turquia
suspendeu a pena capital em 2004 como parte de iniciativas para poder
entrar na União Europeia, mas os apelos para que seja restabelecida
aumentaram depois de uma tentativa fracassada de golpe militar na
sexta-feira, que deixou um saldo de mais de 200 mortos.
A chefe de política externa da União Europeia,
Federica Mogherini, já afirmou nesta segunda que a Turquia não poderá
integrar o bloco europeu caso reintroduza a pena de morte. “Deixe-me ser
clara em uma coisa: nenhum país pode se tornar um estado membro da UE
se introduz a pena de morte”, disse Mogherini.
Erdogan havia dito no domingo que não deveria haver nenhum atraso no uso da pena de morte no país após a tentativa de golpe.
Presos
O primeiro-ministro turco, Binali
Yildirim, afirmou nesta segunda que 7.543 pessoas foram presas,
incluindo 6.038 soldados, por supostas ligações com a tentativa de
golpe, segundo a Reuters. Cerca de 8 mil policiais foram afastados de
suas funções em todo o país, incluindo Istambul e Ancara.
No sábado, o presidente turco pediu a
Barack Obama que extradite Fethullah Gulen, clérigo exilado nos Estados
Unidos e apontado por Erdogan como promotor da tentativa de golpe. "Ou
vocês deportam Gulen ou o entregam para nós", afirmou em pronunciamento.
Ele também disse que depois da extradição do "mentor do terror", "muita
coisa irá mudar na Turquia".
Gulen, de 75 anos, já foi aliado de
Erdogan e atualmente vive na Pensilvânia. Ele foi exilado em 1999,
depois de ter sido acusado de traição na Turquia. Ele lidera o Hizmet,
movimento político-religioso que se mantém crítico ao regime de Erdogan.
O clérigo nega envolvimento na
tentativa de golpe. "Como alguém que sofreu múltiplos golpes militares
durante as últimas cinco décadas, é especialmente insultante ser acusado
de ter alguma relação com esta tentativa", afirmou, em comunicado.
"Nunca enxerguem uma intervenção
militar como algo positivo, a democracia não pode ser alcançada dessa
forma", afirmou Gulen à população turca. Quase 3 mil magistrados foram
afastados por provável ligação com o clérigo.
Washington pediu provas do
envolvimento de Gulen com a tentativa de golpe e afirmou que irá ajudar
nas investigações. Também divulgou um comunicado neste sábado: "O
presidente (Obama) e sua equipe lamentam a perda de vidas humanas e
destacam a necessidade vital para todas as partes na Turquia de agir
respeitando o Estado de direito e evitar qualquer ação que possa gerar
novos episódios de violência ou instabilidade."
FONTE: G1
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