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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Após 56 anos, Kombi sai de linha



Após 56 anos, Kombi sai de linha

Modelo se despediu da fábrica da Anchieta no último dia 19.
Incompatibilidade com ABS e airbag impediu continuidade do utilitário.


Kombi sai de linha após 56 anos (Flavio Moraes/G1)



A Volkswagen produziu no último dia 19 aquela que deve ser a última Kombi do mundo, confirmou na quinta-feira (26) a marca alemã. O utilitário chegou ao Brasil primeiro como importado, em 1950, e em 1953 passou a ser montado localmente. A primeira Kombi saiu da linha de produção da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) em 2 de setembro de 1957.
A "morte" da Kombi – por conta da lei que obriga todo carro nacional a sair de fábrica com ABS e airbag – foi anunciada em agosto, mas seu fim foi conturbado. Vinte dias antes da lei entrar em vigor, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a obrigatoriedade poderia ser adiada. Ele voltou atrás uma semana depois, mas disse que a Kombi poderia ser uma "exceção". O Contran declinou dessa intenção do governo, e uma reunião marcada entre Mantega e representantes do da indústria automotiva acabou não acontecendo.
Com tudo isso, as duas últimas semanas não foram fáceis para a Kombi. Desde a declaração de Mantega, a “Velha Senhora” foi a mais crucificada entre os que dão adeus por conta da nova legislação – além dela, o Fiat Mille também deixa de ser fabricado por conta da incapacidade de ter tais equipamentos de segurança, se despedindo com a série especial Grazie Mille.
A falta de proteção da Kombi aos ocupantes foi mais destacada do que suas qualidades, como baixo custo de manutenção, robustez mecânica e capacidade de carga. Seus 56 anos de produção a serviço de consumidores que usaram a Kombi para namorar, ganhar a vida, viajar, colecionar histórias e até morar foram convertidos de mérito – um carro não ficaria tanto tempo em produção se não tivesse qualidades e compradores – para exemplo de como a indústria nacional é supostamente atrasada.
E o que seria uma despedida digna – com direito a encontro de colecionadores, visita de jornalistas estrangeiros à sua linha de montagem e até edição especial – se tornou um adeus conturbado e barulhento. Confira abaixo a trajetória do carro há mais tempo em produção no país.

Desenho de Ben Pon indica o que seria a Kombi (Foto: Divulgação)Desenho de Pon esboça a futura Kombi (Foto: Div.)
 
1947 – O holandês Ben Pon, revendedor da Volkswagen no seu país, desenha em 23 de abril o primeiro esboço da Kombi e o entrega ao major Ivan Hirst, que à época dirigia a fábrica da marca na Alemanha, sob domínio do governo inglês durante o pós-guerra.
Hirst junta o desenho de Pon a um veículo de uso interno da fábrica, batizado de Plattenwagen (invenção do próprio Hirst), e leva o projeto ao seu superior, o coronel Charles Radclyffe, que imediatamente rejeita o desenvolvimento, alegando que os escassos recursos da VW naquele momento deveriam ser exclusivamente destinados ao Fusca, até então o único carro da empresa.

Tipo 29, ainda protótipo, com bocal do taqneu externo e saídas de ar na vertical (Foto: Divulgação)Tipo 29, ainda protótipo, com bocal do tanque
externo e saídas de ar na vertical (Foto: Divulgação)
 
1948 – No primeiro dia do ano, o alemão Heinz Nordhoff (ex-Opel e BMW) assume a planta de Wolfsburg como diretor geral. Sua missão era elevar a capacidade produtiva da fábrica – o que na sua visão só seria possível com outro carro na linha de produção. O esboço de Ben Pon então voltou a ser analisado, e Nordhoff decidiu tocar o projeto ao lado do projetista Alfred Haesner.
Nesse mesmo ano, os primeiros protótipos – batizados de Tipo 29 – começam a rodar em testes, um tempo considerado, até hoje, recorde. A primeira unidade pronta sai da linha de produção alemã em fevereiro de 1950 – em março, durante o Salão de Genebra, ocorre a apresentação mundial do Transporter, nome escolhido para o novo veículo comercial da Volkswagen.
1950 – Começa a história da “Velha Senhora” no Brasil, importada da Alemanha pelo Grupo Brasmotor. O nome de batismo no Brasil, Kombi, é a abreviação de Kombinationsfahrzeug, que em alemão significa veículo de usos combinados e classifica a configuração que mistura as carrocerias microbus e furgão.
1953 – O sucesso da Kombi no Brasil leva a Volkswagen a montá-la localmente. O ano também marca a chegada oficial da marca ao país.

Bandeira do Brasil decora Kombi 00001 (Foto: Divulgação)Bandeira do Brasil decora Kombi 00001 (Foto: Div)
 
1957 – Somente em 2 de setembro deste ano a Kombi sai da linha de produção da então inédita fábrica de São Bernardo do Campo (SP), na Rodovia Anchieta - de onde nunca saiu em 56 anos de produção nacional. Embora motor e câmbio ainda fossem importados, a van atinge os obrigatórios 50% de índice de nacionalização exigidos na época. Foram 371 exemplares fabricados por aqui naquele ano - segundo colecionadores, nenhum deles sobreviveu. A Kombi nacional mais antiga que se tem notícia é de 1958.

Versão de 6 portas estreia no Salão do Automóvel de 1960 (Foto: Divulgação)Versão de 6 portas estreia no Salão do
Automóvel de 1960 (Foto: Divulgação)
 
1960 – No primeiro Salão do Automóvel brasileiro, realizado no Parque do Ibirapuera, a Volkswagen apresenta a Kombi Turismo, uma versão “abrasileirada” da Kombi Camper alemã. O evento também lança a carroceria de seis portas, exclusiva para o transporte de passageiros, que chegaria efetivamente ao mercado no ano seguinte.
1961 – A produção da Kombi alcança 95% de nacionalização e as unidades fabricadas a partir desta data ficaram conhecidas como “segunda série”, que inaugura algumas mudanças: introdução do marcador de combustível no painel de instrumentos, substituição das hastes de sinalização (as famosas “bananinhas”) pelas lanternas convencionais na dianteira (que logo ganham o apelido de “tetinhas”) e incorporação da seta às lanternas.

VW produz versão pick-up a partir de 1967 (Foto: Flavio Moraes / G1)VW produz pick-up em 67 (Foto:Flavio Moraes / G1)
 
1967 – A versão pick-up, formada por uma caçamba de 5 m², começa a ser produzida na fábrica da Anchieta em 1967, acompanhada de um novo motor de 1.493 cm³, que passou a equipar toda a gama. A capacidade de carga salta de 810 kg para 1.000 kg, enquanto, na cabine, o motorista ganha banco individual com ajuste de distância em três posições. O modelo é considerado raro - e desejado - entre os colecionadores de Kombi.

Visual de 1975 é quase o mesmo até hoje (Foto: Divulgação)Visual de 75 é quase o mesmo até hoje (Foto: Div)
 
1975 – O ano marca a primeira grande mudança da Kombi. Em outubro, já como modelo 1976, o utilitário passa por uma significativa reestilização, que elimina o para-brisa dividido e reconfigura faróis, piscas e para-choque. Portas (agora maiores) e janelas também mudam – estas passam a abrir e fechar por manivela, verticalmente, e não mais manualmente, na horizontal.
Basicamente, tratava-se de uma Kombi com visual frontal e traseira do modelo estrangeiro mas “miolo” (portas convencionais e 12 janelas) do exemplar brasileiro – somente por aqui existiu tal configuração. Mecanicamente, a Kombi recebe suspensões renovadas, servofreio e um novo motor de 1.584 cm³, alimentado por um carburador. Essa transformação rendeu à Kombi o sobrenome Clipper, em referência ao modelo alemão, que exibia essa cara desde 1968.

Versões a diesel não tiveram sucesso no Brasil  (Foto: Divulgação)Versões equipadas com motor a diesel não tiveram
sucesso no Brasil (Foto: Divulgação)
 
1981 – Até então movida apenas a gasolina, e Kombi ganha motor a diesel, disponível para as versões furgão, picape e a inédita picape cabine dupla. Com 1.588 cm³, rendia 50 cv e 9,5 kgfm de torque. A promessa de maior economia era o grande atrativo: consumo médio de 14 km/l na cidade e 16,5 km/l no uso rodoviário. No entanto, a fama de motor frágil levaria a Volkswagen a tirá-lo de cena em 1986.
1982 – É a vez de a Kombi ganhar também motor a álcool, de 57 cv.
1983 – Freios dianteiros a disco, enfim, chegam ao utilitário.

Kombi Carat, de 1997, é raridade (Foto: Divulgação)Kombi Carat, de 1997, é raridade (Foto: Divulgação)
 
1997 – A maior novidade desde a reformulação de 1975 foi a tão desejada porta corrediça. Além disso, o teto ficou 11 cm mais alto. Tampa do porta-malas, janelas e retrovisores maiores, entradas de ar na parte superior da última coluna e para-choques na cor do veículo completavam as alterações externas. No embalo dessas reformulações foi lançada a versão Carat, de apelo mais luxuoso.
De série, havia bancos em veludo e com encosto de cabeça também para os passageiros, volante emborrachado, vidros verdes, desembaçador traseiro, lanternas escurecidas e rodas com calotas. Em 1999, no entanto, ela foi descontinuada – fazendo deste modelo um dos mais cobiçados pelos colecionadores. Até então alimentado por carburador, em 1998 o motor da Kombi recebe sistema de injeção eletrônica.
2000 – A Volkswagen toma a polêmica decisão de produzir a Kombi apenas na cor branca, enquanto a versão pick-up se despede.

Kombi Série Prata marca o fim do motor a ar (Foto: Divulgação)Kombi Série Prata marca o fim do motor a ar
(Foto:Divulgaçãoi)
 
2005 – Abandonado ao redor do mundo, o motor a ar persiste na Kombi, último carro do planeta a ser movido por esse tipo de propulsor. A Série Prata, limitada a 200 unidades, marca o fim dessa era. No ano seguinte, pela primeira vez em sua história, a Kombi é equipada com um bloco a gasolina de refrigeração líquida, o 1.4 flex de 12,7 kgfm de torque. Emprestado do  Fox de exportação, o bloco permaneceu na Kombi até seu fim e marcou outra mudança no visual, já que um radiador frontal - similar ao usado nas versões a diesel - foi instalado na frente do carro.

Kombi '50 Anos' (Foto: Divulgação)Kombi '50 Anos' (Foto: Divulgação)
 
2007 – Para comemorar os 50 anos de produção nacional, a VW lança a versão “50 Anos” da Kombi, limitada a 50 unidades e com uma inédita combinação de cores. Como manda toda série especial, traz no painel uma plaqueta identificando a numeração (01/50) e um logotipo externo, aplicado nas portas dianteiras e na tampa do porta-malas. É outro item cobiçado por colecionadores.

Volkswagen Kombi Last Edition (Foto: Divulgação) Last Edition, de R$ 85 mil (Foto:Divulgação)
 
2013 – A versão Last Edition é anunciada em agosto para celebrar o fim de uma história de 63 anos – 56 deles como produto nacional, o mais longevo deles –, que chega ao fim pela incapacidade do modelo em receber freios ABS e airbag, equipamentos de segurança obrigatórios em 100% dos carros a partir de 1º de janeiro de 2014.
Os 1.200 exemplares da série especial têm placa de identificação, acabamento interno diferenciado e exclusiva combinação de cores em azul e branco. No dia 19 de dezembro, a última Kombi sai da linha de produção.

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