'Porta da minha casa está aberta', diz Cunha sobre ação da PF na Lava Jato
Um dia após a Polícia Federal cumprir mandados de busca e apreensão nas residências de três senadores, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quarta-feira (15) que a porta da casa dele “está aberta” para receber os agentes.
Nesta terça (14), a Polícia Federal deflagrou a Operação Politeia, um desdobramento da Operação Lava Jato, que cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências dos senadores Fernando Collor (PTB-AL), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE),Ciro Nogueira (PP-PI) e de outros políticos. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que estudaingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a ação policial. Um dos argumentos é de que a PF não poderia entrar em imóveis funcionais, como no caso de Collor.
“A porta da minha casa está aberta, vão a hora que quiserem. Pode ir a hora que quiserem. Eu acordo às 6h, que não cheguem antes das 6h, para não me acordar. Eu não sei o que eles querem buscar lá, mas se quiserem estou às ordens”, disse Cunha ao ser perguntado se “temia” que fosse o próximo alvo das diligências da PF nos desdobramentos da Operação Lava Jato.
Questionado sobre se concorda com a posição de Renan, Cunha não quis entrar na polêmica: “Eu prefiro não comentar.” Os presidentes da Câmara e do Senado são investigados em inquéritos no STF por suspeita de envolvimento no escândalo de corrupção da Petrobras que se tornou público com Operação Lava Jato.
Nesta terça, a PF foi autorizada pelo STF a cumprir 53 mandados de busca e apreensão em Brasília. As autorizações foram dadas pelos ministros Teori Zavascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski em seis inquéritos do Supremo que investigam políticos suspeitos de envolvimento nos desvios de dinheiro da Petrobras por meio de contratos superfaturados.
Segundo a Polícia Federal, o objetivo da Politeia é evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados. As buscas ocorreram nas residências de investigados, em seus endereços funcionais, sedes de empresas, em escritórios de advocacia e órgãos públicos.
Cunha também foi perguntado por jornalistas se comunicou a Temer que novas CPIs que contrariam o governo seriam criadas a partir de agosto.
Ele disse que não fez comunicado algum, porque “todos sabem” que comissões parlamentares de inquérito serão criadas no segundo semestre, com o término do prazo das CPIs que atuam hoje na Câmara.
“Acho que nenhuma CPI agrada ao governo. Novas CPIs haverá, sem dúvida. Algumas CPIs estão com prazo acabando e outras CPIs vão andar. Todos sabem que isso vai acontecer. A CPI do BNDES é uma das que estão na fila. Não sei a ordem”, disse.
Aliança PMDB-PT
Cunha também voltou a dizer que a aliança entre PMDB e PT já “acabou”. Ele afirmou que seu partido continua a apoiar a “governabilidade”, mas frisou que o "casamento" com o partido da presidente Dilma Rousseff chegou ao fim.
“A chance de o PMDB se aliar ao PT em 2018 se não é 0% é 0,0001%. A aliança com o PT já acabou, praticamente. É aquela história de casamento dormindo em quarto separado. Agora, o PMDB está apoiando a governabilidade. O casamento já acabou”, afirmou.
O presidente da Câmara comentou ainda sobre o anúncio feito nesta manhã pelo vice-presidente da República, Michel Temer, de que o PMDB terá candidato próprio à Presidência em 2018. Cotado como um dos possíveis candidatos, Cunha desconversou quando foi perguntado se pretendia concorrer. “Tem o Eduardo Paz (prefeito do Rio de Janeiro), o Michel Temer”, elencou.
FONTE: G1
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