Papa discursa por justiça social e contra tráfico e corrupção no México
O papa Francisco saudou milhares de fiéis, neste sábado (13), marcando o início de sua agenda oficial no México.
Ele chega ao país sob a expectativa de que ofereça um pouco de
esperança ante os problemas de violência e corrupção que assolam o
México.
No primeiro discurso no México, diante
de autoridades e do presidente do país, Enrique Peña Nieto, o papa
denunciou que a busca por privilégios leva à corrupção, ao tráfico de
drogas e à violência.
"A experiência nos diz que cada vez
que seguimos o caminho de privilégios e benefícios para poucos em
detrimento do bem de todos, mais cedo ou mais tarde a sociedade se torna
um solo fértil para corrupção, tráfico de drogas, exclusão de culturas
diferentes, violência e também tráfico de pessoas, sequestro e morte,
trazendo sofrimento e freando o desenfolvimento", disse o papa
Francisco.
No Palácio Nacional, sede do governo
mexicano, o líder religioso afirmou que "para se construir um futuro
promissor" no México, é necessário ter "homens e mulheres justos,
honestos, capazes de se empenhar no bem comum".
O papa Francisco disse que os líderes
do país têm o dever de "dar acesso real aos bens materias e espirituais
que são indispensáveis: moradia adequada, emprego digno, comida, justiça
real, segurança efetiva e um ambiente saudável e pacífico".
Fiéis
Reunidos ao lado de fora da
Nunciatura, onde dormiu, e na cêntrica Praça da Constituição, onde
iniciaria suas atividades, uma multidão de católicos desafiaram o duro
frio matinal para ver o líder do catolicismo, enquanto cantavam músicas
como a tradicional "Cielito Lindo".
"Que venha para pôr ordem. O México é
um dos países mais católicos do mundo, não é? Que o papa diga aos
governantes que solucionem, de uma vez por todas, a pobreza, a migração
ilegal, os abusos de poder", pedia Rogelio Cantú, um advogado de 57 anos
que saiu às ruas para ver de perto o pontífice.
Esta é a primeira vez que um
presidente mexicano recebe, no Palácio Nacional, um chefe da Igreja
Católica, um gesto simbólico em um país devoto, mas com uma larga
tradição laica e que, apenas em 1992, restabeleceu relações diplomáticas
com o Vaticano.
Papa
Francisco encontrou o presidente do México Enrique Peña Nieto e a
primeira-dama Angelica Rivera neste sábado, no Palácio Nacional (Foto:
Reuters/Max Rossi)
A presença de Francisco vem para
fechar um ciclo. "Durante muito tempo, no século XIX e boa parte do XX,
vivemos momentos, em nossa relação com o Vaticano, caracterizados pela
tensão e, inclusive, pelo conflito" em meio às leis anticlericais do
governo nascido de uma Revolução", reconheceu o embaixador do México no
Vaticano, Mariano Palacios Alcocer.
De fato, a visita do papa ao país
mexicano foi muito esperada pelo governo de Peña Nieto, alvo de fortes
críticas pela situação de direitos humanos no país e casos como o
desaparecimento e possível massacre dos 43 estudantes de Ayotzinapa.
Papa
Francisco acena para a multidão enquanto passa com o papa móvel na
Cidade do México neste sábado (13) (Foto: Carlos Jasso/Reuters)
Pobreza, migração e violência
Ainda comovido pelo motim que, na
quinta-feira, deixou 49 mortos em uma prisão de Monterrey, o México
vive, atualmente, todos as questões que preocupam Francisco: uma
sociedade desigual, onde a metade de seus habitantes continua na
pobreza; um país imerso na violência do tráfico de drogas e onde
milhares de migrantes vivem um tormento tentando chegar clandestinamente
aos Estados Unidos.
Fiéis aguardam passagem do Papa Francisco em seu caminho para o Palácio Nacional (Foto: AFP Photo/Mario Vazquez)
"O México da violência, da corrupção,
do tráfico de drogas e dos cartéis não é o México que quer Nossa Senhora
e, sem dúvida, eu não quero dar cobertura a nada disso", manifestou o
papa dias antes de sua visita.
"Tentarei ser claro, falar de forma
clara", comprometeu-se Francisco, na sexta-feira, ainda no avião papal
frente à expectativa de muitos mexicanos para que ofereça algumas
palavras de conforto diante da dramática situação que vive o país.
Antes de chegar ao México, o pontífice
fez uma escala de algumas horas em Cuba, onde se encontrou com o
patriarca ortodoxo russo Kirill, em uma reunião histórica que selou o
reencontro entre Oriente e Ocidente.
FONTE: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário