STF manda Cunha dar seguimento a pedido de impeachment de Temer
O ministro Marco Aurélio Mello, do
Supremo Tribunal Federal (STF), determinou ao presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que receba um pedido de impeachment do
vice-presidente Michel Temer e envie o caso para análise de uma comissão
especial a ser formada na Casa. A Câmara pode recorrer e pedir que a
decisão seja reavaliada pelo plenário da Corte.
A decisão, desta terça-feira (5),
atende ao pedido de um advogado, Mariel Márley Marra, de Minas Gerais,
que acionou o STF para questionar decisão de Cunha que arquivou uma
denúncia que ele apresentou contra Temer, em dezembro do ano passado. O
presidente da Câmara entendeu que não havia indício de crime de
responsabilidade do vice-presidente.
Procurado pelo G1, Cunha ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.
Na segunda, para instruir a ação apresentada pelo advogado mineiro, aCâmara enviou um parecer à Corte alegando que o STF "nunca, jamais"poderia determinar o início de um processo de impeachment, em substituição ao presidente da Casa.
Na última sexta-feira, por um equívoco, o STF havia divulgado uma "decisão em elaboração" a respeito deste mesmo pedido.
Teor
O teor da decisão assinada por Marco Aurélio é quase idêntico à minuta divulgada na semana passada.
Na prática, o ministro do STF manda Cunha decidir da mesma forma como procedeu com o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em dezembro do ano passado.
Na decisão, Marco Aurélio entende
que o recebimento de uma denúncia por crime de responsabilidade pelo
presidente da Câmara deve tratar apenas de aspectos formais e não
analisar o mérito das acusações. Na peça, o ministro diz que Cunha
apreciou o mérito da acusação, “queimando etapas que, em última análise,
consubstanciam questões de essencialidade maior”.
“Os documentos que instruem a peça
primeira permitem concluir pelo desrespeito aos parâmetros relativos à
atuação do Presidente da Casa Legislativa, pois, embora tenha
reconhecido, de maneira expressa, a regularidade formal da denúncia,
procedeu a verdadeiro julgamento singular de mérito, no que consignou a
ausência de crime de responsabilidade praticado pelo Vice-Presidente da
República, desbordando, até mesmo, de simples apreciação de justa
causa”, escreveu o ministro.
Marco Aurélio, porém, negou pedido do
advogado para suspender a análise do pedido de impeachment já em
andamento contra a presidente Dilma. Além disso, a ação original pedia
uma nova análise pelo presidente da Câmara da denúncia contra Temer, não
o seu acolhimento, como determinado pelo ministro.
Ação
A ação do advogado Marra pede o
impeachment de Temer sob o argumento de que ele também editou decretos,
em 2015, abrindo créditos suplementares incompatíveis com a meta de
superávit primário e sem autorização do Congresso. Foi esse o principal
motivo apontado por Eduardo Cunha, para acolher a denúncia contra Dilma.
Ao analisar a acusação contra Temer,
porém, o presidente da Câmara argumentou que os decretos do vice foram
apresentados antes da revisão da meta, em julho de 2015. Os de Dilma
foram editados depois, e, por isso, teriam infringido a Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Em sua decisão, Marco Aurélio diz
que não “está a emitir qualquer compreensão quanto à conduta do
Vice-Presidente da República, revelada na edição dos decretos
mencionados”. “No caso, a controvérsia envolve controle procedimental de
atividade atípica do Poder Legislativo”, completou.
Nesta segunda, a Câmara enviou parecer
ao STF alegando que a Corte "nunca, jamais" poderia determinar o início
de um processo de impeachment, em substituição ao presidente da Casa.
"Nunca, jamais, pode se admitir
tamanha intervenção em ato próprio de outro Poder da República, a ponto
de autorizar a substituição da competência do órgão legislativo por
decisão judicial", diz a peça da Câmara, referindo-se a uma efetiva
ordem do Supremo para obrigar a Casa a iniciar um impeachment.
No parecer, a Câmara argumenta que só
cabe ao presidente da Casa analisar a denúncias por crime de
responsabilidade contra presidentes, vices e ministros e que o
Judiciário não pode rever tal exame, a não ser “em situações
excepcionais, quando presente induvidosa ilegalidade e abuso do poder,
aferível a partir de fatos absolutamente certos e inequívocos”.
Mesmo assim, alega a Câmara, o máximo
que o STF poderia fazer em tal situação é determinar que fosse feito
nova análise de um pedido de impeachment pelo presidente da Câmara.
FONTE: G1
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