Potencial de crescimento do Nordeste é alvo de estudo
A região Nordeste, que vem crescendo, em média, dois pontos percentuais acima da economia nacional, se fosse um país independente, seria a 39ª economia do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB), a soma de suas riquezas, avaliado em R$ 416 bilhões. Atualmente, já é uma economia maior, por exemplo, que a chilena.
Com 54 milhões de consumidores, o cenário da região combina atualmente uma forte mobilidade social positiva provocada pelos investimentos públicos e privados nos últimos anos, além da valorização real do salário mínimo e de políticas assistencialistas como o programa Bolsa Família.
Um amplo estudo, encomendado pela Associação Brasileira de Agência de Publicidade (Abap) à empresa de consultoria Nielsen, foi apresentado na Bahia, no início de abril, no maior evento de publicidade já realizado na região, que contou com palestras de grandes anunciantes, como a Nestlé, dos diretores de empresas renomadas, como Fiat e Danone, que estão se instalando na região, e da Google do Brasil. Nestas paletras, foi respondido com dados e informações por que o “Nordeste, [é] a Bola da Vez”, na economia nacional.
Os dados da pesquisa desvendam ainda mais o potencial da região, que incorporou milhões de famílias nordestinas das classes D e E ao mercado de consumo devido à ampliação dos programas sociais do governo federal e da expansão do emprego formal oriundo dos grandes investimentos em infraestrutura, sob o guarda-chuva do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Além disso, a ampliação de grandes indústrias, como a Ambev e a Bunge, e a chegada de indústrias de marcas líderes, como Kraft Foods, Bauducco, Unilever, que ainda são alimentadas na região pela expansão das marcas regionais. Não é à toa que os maiores escritórios de consultoria do país apontam, segundo a Nielsen, que o Nordeste deverá apresentar um crescimento chinês nos próximos anos.
Mesmo reunindo os diretores de grandes anunciantes, multinacionais e de empresas que estão de olho em oportunidade de negócios na Região, o evento contou com a participação de apenas três paraibanos. Um deles foi o publicitário Lucas Sales, presidente da seccional Paraíba da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), que integrou a equipe de organização e mediou um dos debates no encontro.
“Não podemos mais perder tempo. A baixa participação de paraibanos no maior evento da região é um péssimo sinal. As empresas paraibanas e os empreendedores precisam buscar mais informações para criar relacionamentos e traduzir essa nova realidade como forma de entender melhor esse novo momento que o Nordeste atravessa. De posse dessas informações, construir um planejamento estratégico para participar de forma mais intensa desse novo crescimento”, declara Lucas.
A Paraíba, que atualmente disputa com o Rio Grande do Norte a posição de quinta maior economia da região, tem projeção de crescimento, nos próximos dois anos, abaixo da média da própria região. Para 2011 e 2012, as projeções da empresa de consultoria Datamétrica, que realiza estudos do PIB, apontam que a Paraíba crescerá 3,71%, abaixo do Nordeste (5,06%) este ano e, em 2012, da mesma forma (4,24%), enquanto o Nordeste se mantém com taxa de 5,03%.
Para Lucas Sales, a Paraíba precisa refletir seu futuro na região, com as boas perspectivas e oportunidades de negócios que vão surgir. “O nosso Estado ficou à margem do desenvolvimento regional durante décadas. Agora, precisamos escolher um modelo de desenvolvimento. Precisamos ter a consciência exata do que queremos ser enquanto economia, sociedade e meio ambiente. Precisamos de um projeto que nos faça sentar à mesa, deixando de lado as diferenças e predileções. A gente precisa construir um projeto de futuro premiando o talento, a inovação, a competência e a viabilidade do seu desenvolvimento sustentável”, aponta.
O presidente da Abap-PB e também diretor da agência 9ideia acrescenta ainda que os empreendedores e empresas do Estado “não podem ficar reféns de governos, pois eles passam. Precisamos adquirir uma consciência clara sobre o nosso futuro. Na Paraíba, a nossa dependência de governos é quase integral. Isso é muito ruim”, avalia.