Brasil é 1º em mortes de jornalistas nas Américas, diz ONG
O Brasil se tornou o país com o maior número de jornalistas mortos nas
Américas, segundo o relatório anual da organização Repórteres sem
Fronteiras (RFS), com sede em Paris.
Com cinco jornalistas mortos no País em 2013, o Brasil passou o
México, considerado um "país muito mais perigoso (do que o Brasil)", diz
o relatório.
A organização calcula que 114 jornalistas foram feridos desde junho de
2013 por conta dos protestos que tomaram conta do Brasil, no que a RSF
chama de "primavera brasileira".
— A dura repressão policial que ocorreu no Brasil em 2013 também
atingiu os profissionais da informação. Essa primavera brasileira
provoca um forte questionamento em relação ao modelo midiático dominante
e coloca em evidência os sinistros hábitos mantidos pela polícia
militar desde a ditadura.
Para a organização, "mais de dois terços dos casos (de violência contra
jornalistas nos protestos) são atribuídos às forças policiais".
Na segunda-feira (10), após o anúncio da morte do cinegrafista Santiago
Ilídio Andrade, atingido por um rojão durante um protesto no Rio, a
organização havia publicado um comunicado lamentando a "triste
constatação dos ataques frequentes contra jornalistas nos protestos no
Brasil".
Nesse comunicado, a RSF também pede para as autoridades brasileiras
identificarem os responsáveis pela morte do cinegrafista e afirma que o
Brasil deve tomar "medidas fortes" às vésperas da Copa do Mundo, quando
haverá um grande número de jornalistas cobrindo os eventos esportivos e
sociais no País.
O suspeito de acender o rojão que matou Andrade foi preso na Bahia na madrugada desta quarta-feira (12).
Ranking
O relatório anual da RSF estabelece o ranking de liberdade de imprensa
no mundo. O Brasil caiu duas posições em relação à classificação
anterior e passou a ocupar o 111° lugar em uma lista de 180 países.
"O domínio do crime organizado em certas regiões do Brasil torna
arriscado o tratamento de temas como corrupção, drogas e tráfico de
matérias-primas".
Segundo a organização, os jornalistas são intimidados por "máfias", mas
também por autoridades, por meio do uso de processos judiciais.
A Finlândia mantém, pelo quarto ano consecutivo, o primeiro lugar no
ranking de liberdade de imprensa da RSF. No fim da lista está o que a
organização chama de "trio infernal", formado por Turcomenistão, Coreia
do Norte e Eritreia, países onde a liberdade de imprensa seria
"inexistente".
A Síria também está entre as últimas posições, no 177° lugar.
Os Estados Unidos são um dos países que mais caíram no ranking (13 posições, passando a ocupar o 46° lugar).
"Longe de áreas de conflitos, em países onde prevalece o estado de
direito, o argumento de segurança é utilizado abusivamente para
restringir a liberdade de informação", diz a RSF.
— A proteção da segurança nacional, evocada muito facilmente nos
Estados Unidos, prevalece em relação às conquistas democráticas.
"Os Estados Unidos e o Brasil deveriam dar à liberdade de informação
uma posição mais elevada, em termos de norma jurídica e de valores. A
realidade, infelizmente, está longe disso", afirma o documento.
FONTE: R7
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