Exploração de areia no Rio Paraíba, acaba com a reserva de água no lençol freático
Integrantes do Fórum de Preservação do Rio Paraíba e a Apan denunciam que a areia extraída do rio é vendida na Paraíba, em Pernambuco e até enviada para a Europa
A extração de areia no Rio Paraíba está sem controle e causando um impacto ambiental que poderá ser irreversível. Fomentada pela construção civil, a retirada acontece em um esquema que começa na calada da noite, segue durante o dia e o minério pode estar sendo exportado até para o exterior. A erosão está secando o lençol freático da região e os óleos das dragas poluem a segunda maior bacia hidrográfica do Estado (a Bacia do Rio Paraíba), onde 85 municípios estão inseridos e que drena quase 40% do território paraibano. Em São Miguel de Taipu, o leito do rio já rebaixou mais de 3 metros em alguns trechos: uma draga explora areia no local há mais de cinco anos, provocando a erosão. O cacimbão que abastecia a cidade (com 6.696 mil habitantes, IBGE/2010) secou há 3 anos. Além disso, quatro fazendas de camarão vizinhas ao Paraíba estão jogando água contaminada no seu curso. E mais: a draga também polui a água com óleo, que chega às torneiras das casas sem tratamento. O Ministério Público Estadual está investigando o esquema de extração, que estaria exportando a areia e ‘matando’ o Rio Paraíba.
Integrantes do Fórum de Preservação do Rio Paraíba e a Apan denunciam que a areia extraída do rio é vendida na Paraíba, em Pernambuco e até enviada para a Europa. “Quando os caminhões carregados partem à noite com maior frequência, um após o outro, temos informações que eles saem diretamente para o Porto de Suape, em Pernambuco, para carregar algum contêiner”, afirma João Batista da Silva, representante da Apan.
O dono da draga alocada no rio em São Miguel de Taipu, Abel Vidal, informou que sua produção é vendida na Paraíba e em Pernambuco. Ele mora em Recife (PE) e exerce a atividade na Paraíba. “Daqui saem 15 caminhões por dia, mais ou menos (de 15 toneladas cada)”, informou. A carga é vendida por um valor que varia entre R$ 60 ou R$ 100, segundo ele.
Há cinco anos, Abel Vidal explora o local assegurado por duas licenças concedidas via liminar judicial à Fazernda Oiteiro Ltda. com a característica de “Operação de Pesquisa” e cada uma autoriza a atividade em uma área de 49 hectares cúbicos. O dragueiro trabalha de forma independente. Em contrapartida, ele cede três carradas de areia por dia para a Prefeitura de São Miguel de Taipu. No local, o tratorista afirmou que a areia está sendo usada em obra pública, para calçamento no Bairro do Açude. “É a ajuda de custo que damos para a prefeitura”, disse o dragueiro.
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