Para reforçar renda familiar, jovens pressionam mercado de trabalho
Em busca de reforço para a renda familiar, jovens brasileiros que não
trabalhavam nem procuravam por emprego passaram a disputar vagas com
aqueles que já estavam no mercado. A população denominada “não
economicamente ativa”, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, que divulga os indicadores de emprego do país, está
retornando ou ingressando no mercado, levando a taxa de desocupação de
jovens de 18 a 24 anos subir de 12,9% para 18,5% em um ano, apontou o IBGE.
“Falta condição financeira. Está ruim a da minha família e a minha
também. Resolvi vir atrás de trabalho”, explicou Paulo Fernando
Vitalino, de 23 anos, que na sexta-feira (21) buscava uma oportunidade
no posto do Sistema Nacional de Emprego (Sine), do Ministério do
Trabalho, no Centro do Rio de Janeiro
O morador de Cordovil, na Zona Norte do Rio de Janeiro, procura uma
oportunidade na área de refrigeração, após completar um curso de
especialização, e garantiu que “a situação está mais difícil”. Vitalino
não trabalha há cinco anos e só tem uma anotação de emprego na carteira
de trabalho.
Fernando Vitalino é parte de um movimento que está se tornando mais
comum. De acordo com Adriana Beringuy, técnica de rendimento e trabalho
do órgão, a intensificação da entrada dos jovens no mercado de trabalho
vista nos últimos meses pode estar associada à queda da renda do
trabalhador, que recuou pelo sexto mês consecutivo em julho de 2015,
"encolhendo" 2,4% em um ano. Com mais gente procurando trabalho, o desemprego do país em julho subiu a 7,5% e registrou a maior taxa para o mês desde 2009, quando ficou em 8%.
“A gente sabe que a redução da renda do trabalho pode trazer impacto na
renda do domicílio com um todo. Começa a haver uma necessidade de
pessoas que antes não faziam parte da composição do rendimento, agora
buscam justamente trabalho para suprir essa necessidade de manutenção de
rendimento, que vem diminuindo nesses últimos meses”, analisou.
Fernando Vitalino, de 23 anos, busca oportunidade na área de refrigeração no Sine-RJ (Foto: Cristiane Caoli / G1)
Com o ensino médio completo, Jennifer Oliveira, de 24 anos, era outra
jovem à procura de uma vaga no posto de atendimento do Sine-RJ. Ela mora
com os pais, no Jardim América, Subúrbio do Rio, nunca trabalhou, mas
busca emprego porque os pais “precisam de ajuda financeira”, contou.
“Eu tive um bebê e ele nasceu com uma complicação de saúde. Então, não
poderia no momento. Eu fiquei três anos afastada de procurar emprego por
causa dele, porque ficou doente, teve vários problemas de saúde. Agora
que ele está na escola, está melhorzinho, estou à procura de emprego
para ajudar lá em casa, para ajudar meus pais”, relatou a jovem, que
conseguiu uma entrevista, na ocasião, para a área de telemarketing.
A pressão dos jovens no mercado de trabalho também ocorre através
daqueles que desejam uma oportunidade melhor. Wallace de Oliveira, de 20
anos, está desempregado há duas semanas, e busca um emprego de auxiliar
de serviços gerais ou auxiliar de cozinha.
Antes empregado em um shopping center, o jovem, que mora com a esposa e
o enteado, informou que pediu para o empregador dispensá-lo, após ficar
doente.
“Eu tinha ficado um pouco doente, aí eu melhorei agora, pedi para dar
baixa porque eu trabalhava no shopping e era um pouco puxado. A carga
horária, eu trabalhava um dia sim e um dia não, às vezes eu tinha que
dobrar, entendeu?”, explicou ele, que saiu animado do posto, após
conseguir uma entrevista. “Esse [novo trabalho] é de 6h às 14h, de
segunda a sábado, tenho pelo menos um domingo para ter um lazer”,
completou.
Desemprego entre adultos
Outro grupo de idade que pressionou a taxa de desemprego em julho foi o dos adultos de 25 a 39 anos. A taxa de desocupação desse grupo passou de 3,8% em julho de 2015 para 6,2%, para o mesmo mês em 2015.
Outro grupo de idade que pressionou a taxa de desemprego em julho foi o dos adultos de 25 a 39 anos. A taxa de desocupação desse grupo passou de 3,8% em julho de 2015 para 6,2%, para o mesmo mês em 2015.
Para o pintor industrial Alexandro Guimarães, de 34 anos, a crise na
indústria foi a principal responsável pelo o desemprego que enfrenta há
dois meses. Ele, no entanto, para não ficar sem renda, busca
oportunidades em outras áreas.
Posto sede do Sistema Nacional de Emprego
(SINE), no Centro do Rio de Janeiro, na manhã de
sexta (21) (Foto: Cristiane Caoli / G1)
(SINE), no Centro do Rio de Janeiro, na manhã de
sexta (21) (Foto: Cristiane Caoli / G1)
“Na minha área está meio difícil, esse problema aí de Lava Jato, de
rombo, de roubo, de tudo mais, na área da pintura está meio brabo. Mas
como eu tenho outras áreas, eu procuro sempre outras áreas”, disse ele,
que conseguiu uma entrevista para auxiliar de serviços gerais. “Estou
animado. Vou lá fazer entrevista e ver o bicho que vai dar”.
Vagas no RJ
Segundo o Sine-RJ, há 1.485 vagas disponíveis nesta semana em todas as regiões do estado do Rio de Janeiro, com salários que chegam a R$ 5.516. Para portadores de necessidades especiais, a Setrab informou que que há 148 oportunidades.
Segundo o Sine-RJ, há 1.485 vagas disponíveis nesta semana em todas as regiões do estado do Rio de Janeiro, com salários que chegam a R$ 5.516. Para portadores de necessidades especiais, a Setrab informou que que há 148 oportunidades.
Entre elas, 90 para alimentador de linha de produção, 20 para ajudante
de motorista e 20 para vendedor do comércio varejista. “Há ainda
oportunidade para faxineiro, lavador de veículos, repositor de
mercadoria e vendedor de domicílio”, informou, em nota.
Já na Região Metropolitana, são disponibilizadas 1.242 vagas. Destas,
289 são para atendente de lanchonete, 124 vagas para operador de caixa,
55 para promotor de vendas, 50 para manicure, 30 para atendente de lojas
e mercados, 27 para faxineiro, entre outras.
As inscrições podem ser feitas no postos do Sine/Setrab ou através do site: maisemprego.mte.gov.br.
Para realizar a inscrição, é preciso estar munido de carteira de
trabalho, PIS/NIT/Pasep e CPF. Caso o trabalhador não tenha registro de
PIS/Pasep, o sistema gerará um número de identificação s ocial (NIS/NIT)
no final do cadastro, informou o Ministério de Trabalho e Emprego.
FONTE: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário