Após PIB negativo, Levy diz que economia pode ter 'virada' em 2015
Ministro destacou que queda do PIB 'não foi por causa do ajuste fiscal'.
Para Levy, recessão não vai durar 2 anos e setores dão sinais de melhora.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse neste sábado (29) que a queda de 1,9% do PIB no segundo trimestre do ano não ocorreu por causa do ajuste fiscal e que já é possível ver 'uma virada' da economia até o fim do ano. A afirmação foi feita em discurso durante o 7º Congresso de Mercados Financeiros da BM&FBovespa em Campos de Jordão, no interior paulista.
“Já estamos começando a ver a virada, se as coisas se tranquilizarem até o fim do ano vamos ver uma virada [no cenário econômico]", afirmou Levy. Segundo ele, quem critica a política econômica está equivocado. "Ela tem aspecto de esforço e sacrifício, mas é absolutamente indispensável, tem equilíbrio cíclico que da resultado", acrescentou.
O ministro disse ainda que o aumento da contribuição do setor externo no PIB, que veio positivo, é um sinal de quee alguns setores da economia estão começando a reagir.
“Com a mudança do câmbio e a liberação dos preços e realismo tarifário, estamos vendo em vários setores que os estoques estão acabando e acontece uma coisa curiosa, o estoque vai descendo, e a não ser que haja uma enorme confusão, as empresas começam a produzir de novo, a dar novas encomendas e comparar o preço nacional ao estrangeiro e comprar domesticamente", afirmou.
O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,9% no segundo trimestre de 2015 ante os três meses anteriores, e a economia brasileira entrou no que os economistas chamam de "recessão técnica", que acontece quando o PIB encolhe por dois trimestres seguidos. No primeiro trimestre do ano, o PIB caiu 0,7% (dado revisado).
'Dá para viver com o suor do próprio rosto'
Levy afirmou, ainda, que o Brasil "tem tudo para continuar crescendo". Ele citou um relato bíblico de Adão e Eva, que foram expulsos do paraíso e forçados a viver do próprio suor. "A maior parte dos países vive do suor dos seus rostos, acho que dá pra viver muito bem assim", disse o ministro, referindo-se ao esforço de adaptação às mudanças da economia.
O ministro observou que a ascenção da classe média a partir de 2013 mudou a relação do governo com o gasto público. "Quem está embaixo quer mais gasto publico, as pessoas querem mais qualidade", disse. "O momento nos traz essa reflexão agora, e nos força a tomar decisões. Temos que diminuir as despesas, mas não adianta cortar tudo", afirmou, citando os gastos obrigatórios por lei.
Levy acrescentou que cortar gastos não significa "deixar de oferecer", mas passar a oferecer de uma maneira diferente, e disse que o governo não pode fazer isso sozinho. "Não se pode servir a dois senhores. Tem que decidir se vai diminuir gasto ou aumentar os impostos".
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