Lula defende retorno da CPMF e diz que tributo não deveria ter sido extinto
Em meio às discussões em torno da
criação de um novo tributo para financiar a saúde, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva defendeu neste sábado (29), durante um seminário em
São Bernardo do Campo (SP), o retorno da CPMF. Diante do ex-presidente
do Uruguai José "Pepe" Mujica, Lula afirmou ao ministro da Saúde, Arthur
Chioro, que o chamado "imposto do cheque" nunca deveria ter sido
extinto.
Nos últimos dias, o governo federal
passou a discutir com aliados a possibilidade de apresentar ao Congresso
Nacional uma proposta para voltar a tributar as transações bancárias.
Criada em 1997 pelo governo Fernando Henrique Cardoso, a CPMF acabou extinta pelo Legislativo em 2007, já no segundo mandato de Lula à frente do Palácio do Planalto.
Um dos integrantes do primeiro escalão encarregados de negociar a eventual criação do novo tributo, o ministro da Saúde defende uma alíquota de pelo menos 0,38%, o último percentual da CPMF.
"Não sei se é verdade que [Chioro]
defendeu a CPMF. Mas a verdade é que ela não deveria ter sido retirada.
Mas você deveria reivindicar para os governadores e prefeitos, porque
eles precisam de dinheiro para a saúde", disse o ex-presidente da
República ao cumprimentar o ministro da Saúde no seminário internacional
Participação Cidadã, Gestão Democrática e as Cidades no Século XXI,
organizado pela prefeitura de São Bernardo.
A ideia do governo de criar um novo tributo para financiar a saúde nos moldes da extinta CPMF enfrenta resistência na Câmara e no Senado. Deputados da base aliada e da oposição divergem sobre a proposta e falta consenso até mesmo dentro do PT.
Além da impopularidade da criação de
um novo tributo, a fragilidade da base aliada do governo Dilma Rousseff
deve dificultar a tramitação da proposta, se, de fato, for enviada ao
Congresso Nacional.
Nesta quinta (27), os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticaram uma possível alta de impostos.
Opositor do Planalto, Cunha afirmou que a recriação da CPMF não é uma
"solução". Já Renan, que nas últimas semanas vem ensaiando uma
reaproximação com o governo, ressaltou que, na opinião dele, o país não
deve elevar a carga tributária em momento de crise econômica.
Chioro
Presente no seminário, o ministro
da Saúde conversou com jornalistas após o discurso de Lula. Arthur
Chioro foi enfático ao afirmar que o governo não apresentou nenhuma
proposta para a volta da CPMF. Para ele, é preciso "debate" para
resolver o "subfinanciamento" da saúde nos estados e municípios.
"Há uma questão essencial, que é
central que há um subfinanciamento da saúde. O mais importante que a
fonte é discutir a melhor forma para resolver o subfinanciamento da
saúde. Eu, particularmente, defendo o debate. [...] O governo não
apresentou uma proposta. O governo não propôs a volta da CPMF, fui muito
claro", disse Chioro.
"Já tivemos a experiência com a CPMF,
cuja extinção ceifou cerca de R$ 70 bilhões por ano. Esse foi o tamanho
do custo para a sociedade brasileira. Temos que enfrentar o
subfinanciamento. Não há uma defesa do mérito no governo de uma
contribuição ou outra modalidade, o importante é que não dá mais para
prefeitos e governadores falarem que não conseguem fechar a conta",
complementou o ministro.
G1
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