Costa paraibana abriga mais de 40 naufrágios e guarda lendas para exploradores do turismo de mergulho
Na costa de João Pessoa são três naufrágios mais visitados e procurados pelos aventureiros: o Alice, o Queimado e o Alvarenga.
As praias quentes e cristalinas do litoral da Paraíba vem atraindo mergulhadores recreativos de todo mundo. Entre as atrações, além da beleza e da diversidade marinha encontradas nos quase 133 quilômetros da costa paraibana, estão navios que naufragaram e guardam no fundo do mar curiosidades, relíquias e a possibilidade de resgate de tesouros.
De acordo com o instrutor de mergulho Ismar Just, a prática de mergulho na Paraíba já existe há 25 anos e a principal atração do turismo de mergulho tem sido a exploração de embarcações que naufragaram há séculos. São quase 40 embarcações naufragadas em território paraibano. A maioria delas está localizada na costa de João Pessoa.
De acordo com o instrutor de mergulho Ismar Just, a prática de mergulho na Paraíba já existe há 25 anos e a principal atração do turismo de mergulho tem sido a exploração de embarcações que naufragaram há séculos. São quase 40 embarcações naufragadas em território paraibano. A maioria delas está localizada na costa de João Pessoa.
Lendas de tesouros perdidos no fundo do mar, temas muito explorados pelo cinema, fazem parte das histórias dos naufrágios da costa paraíbana. A busca por ouro e pedras preciosas que afundaram junto com as embarcações estão na agenda dos aventureiros que buscam a prática de mergulho nas águas paraibanas.
"Os mergulhadores têm a curiosidade de conhecer a história das embarcações e o sonho de achar tesouros como acontecem nos filmes e lendas, a exemplo na Nau Santa Rosa, que pode estar naufragada no litoral paraibano com cerca de 6 toneladas de ouro", contou Ismar.
Ismar informou que o verão é a melhor época para a prática de mergulho "quando temos águas quentes e cristalinas que facilitam a visibilidade".
O público que procura o mergulho na Paraíba é formado por pessoas que gostam de aventuras, de conhecer, de explorar o ambiente marinho e têm, principalmente, a preocupação de preservar o meio ambiente.
Ismar é proprietário do Mar Aberto - Centro de Treinamento de Mergulho, que já formou mais de 2 mil e 500 mergulhadores recreativos em águas paraibanas. Ele contou que muitas das embarcações localizadas ainda não foram identificadas. Ou seja, ainda não se sabe o nome nem a época em que a embarcação naufragou.
"A Associação dos Praticantes de Atividades Subaquáticas (Aprasub-PB) vem desempenhando um papel árduo na procura por dados e registros que ajudem a identificar os naufrágios já localizados", disse Ismar.
Para a prática do mergulho é necessário um curso básico com no mínimo 30 horas divididas em cinco módulos de aulas teóricas, cinco módulos de aulas práticas em piscina e quatro mergulhos no mar. Para se matricular no curso é preciso uma avaliação médica e ter no mínimo dez anos de idade e ter boa saúde.
O valor do curso custa R$ 1.100 com a inclusão de material didático, equipamentos de mergulho básico e autônomo, embarcação para as aulas no mar e certificação internacional (carteira de mergulhador emitida pela Professional Association of Diving Instructors - PADI). O curso prepara os futuros turistas de mergulho para conhecer as belezas e a diversidade marinhas, as embarcações naufragadas e suas histórias. Na costa de João Pessoa são três naufrágios mais visitados e procurados pelos aventureiros: o Alice, o Queimado e o Alvarenga.
Ismar contou que o naufrágio Queimado possui uma característica ímpar: é o único que tem caldeiras retangulares, atraindo por isso milhares de turistas mergulhadores. Somente duas embarcações no mundo foram fabricadas com caldeira retangulares. Uma delas, o Queimado, naufragou em João Pessoa em 1873. A outra embarcação não se tem notícia dela. Os demais navios são fabricados com caldeiras cilíndricas.
Foto: O náufrago Queimado, um dos mais visitados no litoral de João Pessoa
Créditos: Alcides Falanghe
Créditos: Alcides Falanghe
O Queimado é um vapor americano de 2 mil toneladas. Havia saído do Rio de Janeiro com 24.900 sacas de café com destino aos Estados Unidos. No dia 02 de janeiro de 1873, às 2h da madrugada, pegou fogo e afundou (por isso ficou conhecido por "Queimado"). Foram salvos os passageiros e tripulantes.
Hoje encontra-se a 17 metros de profundidade, a cinco milhas da ponta do Bessa em João Pessoa e seus destroços medem cerca de 100 metros de comprimento por 15 metros de largura (aproximadamente 12 metros de boca). Ainda tem entre os destroços um grande eixo parte da máquina e termina num grande hélice. A visibilidade da água pode chegar a 30 metros no verão, mas em média se mantém entre 10 e 20 metros. É o mais visitado pelos mergulhadores.
O Alvarenga tem atraído muitos mergulhadores por ter se tornado um shark diver (mergulho com tubarões). A espécie mais encontrada é o lambaru (cação lixa). A embarcação servia para tansportar suprimentos para os navios e naufragou a 6 milhas da ponta do Bessa, a 20 metros de profundidade.
Permanece inteiro medindo 20 metros de comprimento por 5 metros de boca. "É possível penetrar nos pequenos compartimentos de proa e popa com segurança. Na proa ainda podemos observar o guincho que recolhia a âncora. É comum encontrar ainda grandes arraias e grandes cardumes de peixes, como o galo do alto e a bicuda", comentou.
O Alice é um vapor brasileiro que foi construído em 1866 e media 53 metros de comprimento por 6,6 de boca. Pouco se sabe a respeito do seu naufrágio. Ele foi fretado pelo governo para transportar tropas brasileiras na guerra do Paraguay. A 30 de março de 1869, nele embarcou o Príncipe Imperial Gastão de Orleans (conde d'Eu), para assumir o comando do nosso Exército. Hoje encontra-se a 3,5 milhas da ponta do Bessa e está a 12 metros de profundidade. A proa é a sua parte mais inteira, a 7,5 metros da superfície.
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