Ministério da Saúde estima que Brasil tenha déficit de 54 mil médicos
O Ministério da Saúde estima que o Brasil tenha um déficit de 54 mil médicos. De 2003 a 2011, surgiram 147 mil vagas neste mercado de trabalho, contra 93 mil profissionais formados, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O número foi divulgado durante apresentação do balanço do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab) de 2013, que leva médicos ao interior do país.
— Nós últimos dez anos o Brasil acumulou uma carência de 54 mil médicos. Nós geramos 54 mil vagas a mais que formamos médicos. Nós próximos dois anos só com investimento do ministério da Saúde serão abertas mais 26 mil vagas. Nós conseguimos 4 mil médicos pelo Provab, mas os municípios pediram 13 mil médicos — informou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
De acordo com o ministro, o país necessitaria contratar 168.424 mil médicos para atingir o patamar da Inglaterra, que é de 2,7 profissionais por mil habitantes. No Brasil, o índice é de 1,8 médicos para cada mil habitantes. Ainda segundo o ministério, em 1.900 municípios há menos de um médico por 3 mil habitantes. Em outras 700 localidades, não têm médico com residência fixa.. Da totalidade de 2.773 pessoas entrevistadas em um estudo do elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 58% responderam que a falta de médicos é o principal problema do Sistema Único de Saúde (SUS).
Com o déficit, Padilha voltou a defender a contratação de médicos formados no exterior. Para Padilha, a alternativa mais viável é conseguir licenças para que os profissionais estrangeiros trabalhem por tempo determinado. Dessa forma, eles serão encaminhados para os locais sugeridos pelo governo federal. A outra solução apontada é a revalidação dos diplomas. A inconveniência dessa situação, segundo o ministro, é que os médicos poderão escolher onde vão trabalhar.
— Em todos os países há duas formas para atrair o profissional médico. Fazendo o exame como o Revalida, o problema é que não podemos decidir onde o médico vai trabalhar. A nossa prioridade é levar para as periferias e cidades do interior. Além do Revalida, o Ministério da Saúde está estudando o que outros países fazem que é ter uma autorização especial, transitória e exclusiva para trabalhar no interior. Um intercâmbio entre os países com tempo delimitado. A forma de garantir que esse médico venha para o Brasil trabalhar nessas áreas é por meio de autorizações especiais.
O ministro ressaltou, no entanto, que a contratação de estrangeiros não é a única solução para o problema da falta de médicos.
— Só médico estrangeiro não é a solução. O Provab é, sem dúvida, uma medida inovadora. Mas enquanto o filho do trabalhador rural não conseguir se formar médico o problema não será solucionado — comentou Padilha para em seguida reconhecer ser obrigação do governo federal investir na construção de faculdades federais de medicina no interior do país.
Para uma plateia formada por prefeitos, deputados e servidores ligados à saúde, o ministro apresentou um balanço do Provab. O programa prevê a contratação de médicos para atenderem pessoas carentes por um salário de R$ 8 mil por mês durante o prazo de um ano de contrato. Atualmente, são 3.800 médicos contratados. A demanda das prefeituras, no entanto, foi de 13 mil solicitações ao Ministério da Saúde.
Ministro desconversa sobre candidatura em São Paulo
Cotado para ser candidato do PT ao governo de São Paulo, Padilha ficou incomodado ao ser perguntado sobre a nova propaganda gratuita do PSDB na televisão e no rádio. Em um dos vídeos, o senador e presidenciável Aécio Neves exalta os investimentos na área da saúde feitos pelo governo de Minas, sua vitrine para 2014. De acordo com o tucano, os investimentos cresceram 161% de 2003 a 2009.
— Não assisti a propaganda do PSDB, faz tempo que não assisto propaganda de partido político. Estou focado na saúde tem muita coisa para enfrentar — resumiu.
Indagado sobre seu entusiasmo para disputar o governo paulista, o ministro preferiu desconversar. Ele, porém, não nega entrar na disputa. Padilha seria um dos nomes preferidos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele nunca disputou uma eleição.
— Só penso no ministério da Saúde. Não tem nada que me empolgue mais que ser ministro do meu país. Estou concentrado nesse momento em como levar mais médicos para interior do país.
O Globo
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