'Nós temos que ajudar Dilma a sair da situação que a oposição nos colocou'
Lula disse que, antes de pensar em 2016 e 2018, é preciso tirar o governo da agonia criada pela oposição. "Temos que ajudar a companheira
Dilma a sair da encalacrada que a oposição nos colocou depois das
eleições", disse, ao participar do 3º Congresso da Juventude do PT, em
Brasília. "Eles não souberam perder."
Lula disse ainda que o partido pode
fazer uma "surpresa" para aqueles que acham que o PT já acabou e que é
fundamental que o partido se fortaleça ainda mais nas eleições do ano
que vem para garantir acontinuidade
do seu projeto. "Não tem 2018 se a gente não tiver 2016", disse. "Nós
precisamos construir 2016, precisamos ter candidatos onde puder ter
candidato."
Sem citar os prováveis adversários do
prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, Lula afirmou que a mídia
trabalha para mostrar que a política está apodrecida. "E aí quem tenta
resolver possivelmente seja um programa de TV
ou um apresentador", disse. Na pré-campanha em São Paulo nomes de
jornalistas e apresentadores como Celso Russomanno (PRB), João Dória
(PSDB) e José Luiz Datena (PP) aparecem na disputa.
Lula voltou a dizer que não se pode
permitir "que ladrão fique chamando petista de ladrão" e fez uma defesa
do ex-tesoureiro João Vaccari, preso por suspeita de corrupção no
esquema de propina da Petrobras. "Eu quero saber se o dinheiro do PSDB
foi buscado numa sacristia", disse.
Cobrança dos jovens
Lula minimizou as palavras de ordem que ouviu de jovens
do PT e lembrou o episódio de criação do partido, em 1980, para dizer
que na época "havia muito mais radicalismo". "As palavras de ordem que
estou vendo aqui é como doce de cupuaçu em comparação ao que a gente
ouvia no Colégio Sion", disse - o colégio Sion, em São Paulo, foi palco
de uma reunião que culminou com a criação do PT.
Lula ouviu cobranças da juventude do
PT assim que subiu no palco: "Lula, eu quero ver, você romper com o
PMDB", gritavam. Os jovens também pediam a saída do presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Lula afirmou acreditar que o "ideal"
seria que um único partido pudesse governar tudo. "O ideal de um partido
é que ele pudesse ganhar a presidente, 27 governadores, 81 senadores e
513 deputados sem se aliar a ninguém", disse. "Seria maravilhoso."
Mas o ex-presidente ponderou que isso é
uma utopia e que é preciso aceitar o resultado das eleições e
"construir a governabilidade". "Entre a política e o sonho, entre o meu
desejo ideológico partidário e o mundo real da política, tem uma
distancia enorme", disse. Lula afirmou que as alianças são fundamentais
já que sempre "alguém vai ganhar e alguém vai perder".
Os jovens pediram, ainda, a saída do
ministro da Fazenda, Joaquim Levy e abriram uma faixa escrita "Nem
Meirelles, Nem Levy", numa referência ao ex-presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles.
Lula nega, publicamente, que esteja
atuando para convencer a presidente Dilma pela substituição de Levy por
Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central durante seus
mandatos. No entanto, nos bastidores, Lula age para emplacar Meirelles
como uma espécie de salvação para recuperar a credibilidade e retomar o
crescimento da economia.
Lula cobrou respostas e propostas da
juventude e disse que "apenas escrever num documento 'Fora Levy, ou fora
PMDB', é muito pouco". Ao discursar, afirmou que em encontro recente
com o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, os dois conversaram sobre a
possibilidade de escrever um livro ou fazer um vídeo para "provocar a
juventude a assumir um papel mais importante na política".
Antes das cobranças, o ex-presidente
foi recebido aos gritos de "Lula guerreiro do povo brasileiro". A frase
também estampa algumas faixas que ocupam o ginásio onde cartazes com
fotos estilizadas de petistas que tiveram os nomes envolvidos nos
escândalos do mensalão e da Lava Jato, como o ex-ministro José Dirceu e o
ex-tesoureiro do partido, João Vaccari - ambos presos.
Também estavam presentes no evento
presidente nacional do PT, Rui Falcão, o presidente da CUT, Vagner
Freitas, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, os deputados Zé
Geraldo e Paulo Pimenta.
FONTE: 180 Graus
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