Cura da hepatite C está mais perto graças a um novo coquetel
Um novo coquetel de dois medicamentos demonstrou ser muito eficaz
contra a hepatite C, segundo resultados de um teste clínico publicados
nesta quarta-feira revelando que esta infecção crônica do fígado estaria
a ponto de ser derrotada.
Essa notícia é acompanhada com muito entusiasmo nos Estados Unidos, já que a hepatite C mata mais americanos do que a Aids.
Este estudo, que se concentra na combinação de dois antivirais
ingeridos oralmente, o daclatasvir e o sofosbuvir, dos laboratórios
farmacêuticos Bristol Myers Squibb e Gilead Sciences, mostra que a
mistura dos dois supõe uma taxa de cura de 98% sem gerar efeitos
colaterais significativos.
Mark Sulkowski, principal autor do estudo publicado na revista New
England Journal of Medicine e diretor do Centro de Hepatites Virais da
Faculdade de Medicina John Hopkins, disse que a pesquisa abre caminho
para tratamentos seguros, bem tolerados e eficazes para a grande maioria
dos casos de hepatite C.
— Os medicamentos padrão contra a doença vão ter uma melhora
considerável até o ano que vem, o que levará a avanços sem precedentes
no tratamento dos doentes.
O teste clínico de fase 2 foi realizado com 211 homens e mulheres
infectados com uma das principais cepas do vírus responsável por esta
infecção hepática crônica, que causa cirrose ou câncer de fígado,
tornando necessário um transplante desse órgão.
O coquetel foi eficaz mesmo em pacientes de difícil tratamento, para os
quais a tripla terapia convencional (telaprevir ou boceprevir, além de
peginterferon e ribavirina) fracassou.
Entre os 126 participantes infectados pelo genótipo 1 do vírus da
hepatite C que não receberam um tratamento prévio, 98% ficaram curados.
Essa cepa é a mais frequente nos Estados Unidos.
Além disso, 98% dos 41 pacientes que ainda estavam infectados após uma
tripla terapia convencional demonstraram não ter vestígio algum do vírus
no sangue três meses depois do tratamento experimental.
A taxa de cura foi similar nos outros 44 participantes do estudo,
infectados pelos genótipos 2 e 3 do vírus, menos comum nos Estados
Unidos.
Os participantes tomaram de forma habitual uma combinação de 60
miligramas de daclatasvir e 400 miligramas de sofosbuvir, com ou sem
ribavirina, durante um período de três a seis meses.
Um teste clínico anterior, realizado com sofosbuvir, combinado com o
antiviral ribavirin, cujos resultados foram publicados em agosto de
2013, mostrou uma taxa de recuperação de 70% em doentes de hepatite C
com o fígado comprometido.
Em dezembro, a Administração de Alimentação e Medicamentos americana,
FDA, aprovou a comercialização de sofosbuvir combinado com peginterferon
e ribavirin, para o tratamento da hepatite C, devido ao genótipo 1 e
combinado unicamente com ribavirina para tratar a hepatite C de genotipo
2 e 3.
O daclatasvir ainda não foi autorizado pela FDA.
Se a agência der luz verde à comercialização de declatasavir e outras
novas moléculas eficazes contra a hepatite C, as injeções semanais tão
temidas de peginterferon poderiam se tornar coisa do passado, segundo
Sulkowski.
O tratamento da hepatite C também seria simplificado, passando de 18
comprimidos por dia a uma injeção semanal ou dois comprimidos diários,
destacou.
Segundo dados do organismo federal dos Centros para o Controle e a
Prevenção de Doenças (CDC), menos de 5% dos 3,2 milhões de americanos
que sofrem de hepatite C ficram curados. Os CDC estimam também que de
50% a 75% ignoram estar infectados, frequentemente pelo uso de drogas
injetáveis, transfusões de sangue contaminado dos anos 70 ou 80 ou
relações sexuais.
Algumas ONGs, como a Médicos do Mundo, veem uma "grande esperança"
nestes medicamentos, especialmente o sofosbuvir da Gilead, mas seu alto
custo (mais de 70.000 dólares para um tratamento de 12 semanas) o deixa
fora do alcance da maioria dos doentes dos países em desenvolvimento.
Pelo menos 185 milhões de pessoas estão infectadas com o vírus da
hepatite C no mundo.
FONTE: R7
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