CCJ da Câmara aprova proposta que reduz para 20 o número de ministérios
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara
aprovou nesta quarta-feira (22), por 34 votos a favor e 31 contra, a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz para 20 o número de
ministérios. Atualmente, com a recente extinção da Secretaria de
Relações Institucionais, o governo Dilma Rousseff possui 38 ministérios.
A CCJ avalia apenas a “admissibilidade” das propostas, ou seja, se o
texto não fere a Constituição e o ordenamento jurídico brasileiro.
Agora, a PEC será analisada por uma comissão especial destinada a dar
parecer sobre o conteúdo da proposta.
Em seguida, o texto terá de ser votado em dois turnos no plenário da
Câmara, onde são exigidos em cada votação, ao menos, 308 votos
favoráveis, do total de 513 deputados. Depois, o projeto precisa passar
pela CCJ do Senado e mais duas votações no plenário, onde são exigidos
49 votos entre os 81 senadores.
Apresentada em 2013 pelo atual presidente da Câmara, deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), a proposta altera o artigo 88º da Constituição, que
passaria a vigorar com a seguinte redação: "A lei disporá sobre a
criação e extinção de Ministérios, que não poderão exceder a vinte, e
órgãos da administração pública”.
Na justificativa, Cunha afirma que o texto tem "o intuito de sinalizar
para a sociedade que o gasto público com a máquina administrativa terá
limite". O peemedebista ressalta ainda que a PEC não fere o princípio da
separação dos poderes, já que ficará "a critério do Poder Executivo o
detalhamento da distribuição, composição e atribuição das pastas".
"Acreditamos que o número de 20 ministérios, que reduz em 50% o atual
tamanho da administração direta, atende bem às necessidades do Estado
moderno e alinha o país ao tamanho dos demais Estados em igual ou
superior grau de desenvolvimento", destacou Cunha no texto da PEC.
Durante o debate desta quarta no plenário da CCJ, o deputado Giovani
Cherini (PDT-RS) afirmou que a PEC viola a Constituição, dando poderes
excessivos ao Legislativo. O parlamentar disse ainda que a proposta é
fruto de uma “disputa entre dois grupos”, em referência aos atritos
entre a bancada do PMDB na Câmara e o governo federal. Eduardo Cunha é considerado desafeto de Dilma.
“É indefensável que o Poder Legislativo possa criar ou extinguir
ministérios. Aí é melhor aprovar o parlamentarismo mesmo. A Constituição
é muito clara em vedar que o Poder Legislativo crie ou reduza
ministério. É uma briga de dois grupos, e nós do PDT não estamos nessa
briga, votamos pela Constituição”, declarou.
O vice-líder do PT Alessandro Molon (RJ) concordou com a ponderação de
Cherini e reforçou o argumento de que cabe ao presidente da República
decidir sobre a criação ou extinção de ministérios. “Essa PEC viola a
iniciativa reservada do chefe do Poder Executivo e viola a separação dos
poderes. Vamos manter a tradição dessa CCJ de separar o que é paixão
política.”
Já o relator do texto, deputado André Moura (PSC-PE), negou que a
proposta signifique interferência em atribuição do Executivo. Ele também
destacou que, durante a tramitação na comissão especial, os
parlamentares poderão fixar para o futuro a validade das novas regras,
para não afetar o governo da presidente Dilma Rousseff.
“Não estamos determinando quais os ministérios que devem existir no
governo, estamos limitando para até 20. O projeto, depois que passar por
esta comissão, pode ser aprovado para esta gestão ou gestões futuras,
para 2018, 2028”, argumentou.
Economia de gastos
O deputado Célio Silveira (PSDB-GO) defendeu no plenário da CCJ que a redução de ministérios trará economia de gastos públicos e maior “eficiência” à máquina administrativa.
O deputado Célio Silveira (PSDB-GO) defendeu no plenário da CCJ que a redução de ministérios trará economia de gastos públicos e maior “eficiência” à máquina administrativa.
“Cada ministério é uma fonte de desvio de recursos públicos. É um
projeto de grande relevância para a sociedade e para a presidente da
República, mesmo porque ela tem muitos ministros incompetentes que teria
vontade de tirar.”
Por sua vez, o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), questionou a
motivação dos deputados em votar a proposta. “Essa PEC tem claramente o
intuito de fazer confronto político, curiosamente, dentro da base do
governo. O governo tem, muitas vezes, dentro de si mesmo a sua principal
oposição. Essa PEC tem o intuito de dar uma estocada no governo Dilma,
como se fosse necessário. Temos um governo debilitado, fraco, confuso,
inoperante, contraditório”, disse o parlamentar do PSOL.
FONTE: G1
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