Políticos e gestores zombam do flagelo da seca desperdiçando água no Sertão
Por Wellington Farias - Não é possível acreditar na boa fé dos políticos e dos gestores que, em meio a mais perversa seca que o semi-árido nordestino já viu nos últimos 40 ou 50 anos, zombaram da desgraça dos que sofrem na pele os efeitos da falta total de água até para consumo humano. O carnaval deste ano, no interior da Paraíba, expôs a cara de pau dos homens públicos e também de muitos cidadãos comuns sem o menor sentimento de solidariedade com o sofrido homem do campo.
Em algumas cidades do sertão e do Cariri paraibano, eram comuns as cenas em que zombava-se (embora não deliberadamente) da miséria dos flagelados da seca gastando água, sem limite, seja para refrescar o corpo ou apenas para brincar o carnaval. Até piscinas foram improvisadas sob o sol causticante, para a farra momesca.
O carnaval deste ano também mostrou que a indústria da seca está a mil. Os políticos não estão nem ai para chegar a uma fórmula capaz de fazer com que o homem do semi-árido passe a conviver bem com a seca, um fenômeno da natureza inerente à esta região, e que não vai acabar nunca. Por que eles não tem esse interesse? Ora, pelo óbvio: no dia em que o nordestino aprender conviver, eles se deixarão de ser reféns dos políticos, dos gestores.
A seca é uma mina de votos: o homem do campo desprotegido e sem meios de conviver sem a água, fica dependendo do carro-pipa que o prefeito, o deputado ou o senador possa lhe proporcionar; fica totalmente dependente dos manda-chuvas do pedaço.
Entre os nossos homens públicos existe, claro, as exceções à essa regra. Dá pra se contar nos dedos de uma mão, mas existe. Como o deputado Francisco de Assis Quintans, este sim um estudioso do assunto e um eterno batalhador em favor do homem do campo, sobretudo do Cariri da Paraíba.
A seca já faz parte dos fenômenos naturais da região do semi-árido. Todos sabem que ela vai acontecer. Por que não temos, depois de séculos e milênios, nenhum projeto capaz de possibilitar a convivência do homem com a estiagem? Sabia-se que teríamos pela frente uma das piores secas das últimas décadas. O que se fez de preventivo? Nada. Esperou-se que a seca chegasse para poder “agir”, quando o rebanho estava dizimado e o homem totalmente dependente da “generosidade” do prefeito, do deputado, do governador, do senador.
O resto se diverte com o sofrimento das vítimas da seca.
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