PT lança manifesto em defesa de réus e pede julgamento do PSDB
A Executiva Nacional do PT vai divulgar nesta quarta-feira, 14, em São Paulo, um manifesto em solidariedade aos réus do mensalão, condenando o que chama de "politização" do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O documento afirma que houve forte pressão da mídia para influenciar o veredicto, questiona a "coincidência" do julgamento com o calendário eleitoral e vê interpretação equivocada da "teoria do domínio do fato", que dispensa atos de ofício como prova.
No manifesto, a cúpula petista estranha o fato de a denúncia contra o PT ter sido julgada antes do mensalão tucano, com origem em Minas Gerais. O partido vai além e diz esperar que o PSDB tenha o tratamento que o PT não teve por parte do Supremo.
O texto foi escrito pelo presidente do PT, deputado Rui Falcão, e deveria ter sido divulgado no dia 1.º deste mês, em reunião da Executiva Nacional. A pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, o PT resolveu aguardar a fixação das penas dos réus para se pronunciar.
Dirigentes do PT chegaram a defender, naquela ocasião, que não se divulgasse mais qualquer manifesto, sob a alegação de que o fato poderia provocar uma "pauta negativa" para o partido, que comemorava a vitória na eleição para a Prefeitura de São Paulo. Falcão, no entanto, mostrou incômodo com a interpretação de que o PT, em nome do pragmatismo, não estava sendo solidário com seus réus.
Na última segunda-feira, o Supremo impôs ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu uma pena de 10 anos e dez meses de cadeia, além de multa de R$ 676 mil. Para o Supremo, Dirceu era o chefe do mensalão e comandou uma "quadrilha", que tinha como objetivo comprar apoio político ao governo Lula. A pena do ex-chefe da Casa Civil - que presidiu o PT de 1995 a 2002 - deverá ser cumprida inicialmente em regime fechado, por no mínimo um ano e nove meses.
O ex-presidente do PT, José Genoino, recebeu pena de 6 anos e 11 meses de prisão e multa de R$ 468 mil. Genoino poderá cumpri-la em regime semiaberto, no qual é obrigado a dormir na prisão. Delúbio Soares de Castro, ex-tesoureiro do partido, foi condenado a 8 anos e 11 meses, além de multa de R$ 325 mil. O deputado João Paulo Cunha (PT), ex-presidente da Câmara, também foi condenado por crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro e teve de renunciar à disputa pela Prefeitura de Osasco. Mesmo assim, o PT ganhou a eleição na cidade. Os advogados dos réus vão recorrer das sentenças.
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