Homenagem a Eduardo Cunha gera polêmica entre os vereadores de João Pessoa
A Câmara de vereadores de João Pessoa está adontando um
procedimento de praxe para visitas importantes ao estado: conceder o
título de cidadão pessoense. A cada visita de uma autoridade à Capital,
algum vereador sugere conceder a honraria. Desta vez, o contemplado
seria o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB), porém, o
pedido gerou polêmica, devido a conjuntura política nacional e às
posições questionáveis do deputado.
A propositora, Eliza Virgínia (PSDB), afirmou que essa é
uma honraria que se entrega para pessoas que se destacam nacionalmente.
“Hoje em dia ele é quase um dos maiores poderes do Brasil, se não for o
maior poder”, afirmou lembrando que existe resistência por parte tanto
da oposição quanto da situação, mas que ela já esperava reclamações.
Eliza destacou que sua justificativa nada tem a ver com
política em sim, ou com o que o deputado está fazendo politicamente,
mas sim com outros motivos: “Ele é um defensor da família, faz parte da
frente que defende a família e é uma das pessoas que fez o decreto para
sustar a portaria 415 que valorava o preço de uma vida humana. Nós
podemos ficar tranquilos que no nosso quadro de valores e procedimentos
do SUS não tem o valor do aborto e foi uma das coisas que me chamou
atenção nele”, diz.
Já o vereador Ubiratan Pereira, Bira (PT), em plenário,
foi radicalmente contrário à proposta de Eliza. afirmando tratar-se de
matéria inconstitucional e também é contra o mérito. Bira questionou a
justificativa da vereadora afirmando que para receber essa homenagem, a
pessoa deveria ter feito serviços relevantes à cidade. “Não sei nem se
esse cidadão já pisou na cidade de João Pessoa. Meu voto como membro da
CCJ é contrário à constitucionalidade, não vejo pelo menos a priori
nenhum tipo de serviço prestado à sociedade paraibana nem pessoense”,
diz.
Em relação ao mérito da questão, o vereador também foi
contrário e repetiu as palavras do ex-ministro da Educação Cid Gomes, ao
taxar Eduardo Cunha de agir como “achacador”. “Temos uma mobilização no
país inteiro para preservar direitos trabalhistas por conta de um
Projeto de Lei que está sendo discutido e não tem sequer ampla discussão
e na sexta (10) vamos dar um brinde a esse cidadão? Sou radicalmente
contra”, conclui.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), vereador Flávio Eduardo Maroja, Fuba (PT), também foi contra a proposta. Concordando com a explanação de Bira, Fuba afirmou que além de o deputado não ter feito nada relevante pela cidade, o vereador não poderia ir contra o seu partido (Cunha faz oposição). “Ele está trazendo temas que somos completamente contra como a redução da maioridade penal, como a questão desse PL que está sendo apreciado hoje em Brasília, onde terceiriza o privado em órgãos públicos também, então não tenho como dar um parecer favorável a título de cidadão”, conclui.
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