Após ataque de tubarão, Praia de Boa Viagem fica vazia no Recife
O ataque de tubarão que resultou na morte de uma turista paulista na última segunda-feira (22) afastou os banhistas da praia de Boa Viagem, no Recife.Apesar do sol forte e das férias escolares, barraqueiros que oferecem cadeiras e guarda-sóis dizem que o movimento caiu 60% desde terça-feira (23), pois os banhistas ficaram receosos de entrar no mar.
A Folha esteve nesta manhã de quarta-feira (24) no trecho de praia que fica em frente ao edifício Acaiaca, onde concentra-se a maior parte dos banhistas.
Pouco antes das 10h, apenas uma aposentada e o neto dela, de 7 anos, estavam na areia. No mar, apesar da maré baixa e da proteção dos recifes de coral, não havia ninguém.
"Tem muita gente com medo de entrar na água. Estou deixando ele só ali onde tem as pedras e fico o tempo todo de olho porque ele é muito afoito. Não deixo ele ir para as ondas", disse a aposentada Maria Aydir Ferreira, 73.
O barraqueiro Paulo Rivalcy, 46, disse que ontem não ocupou nem 15 das suas 78 cadeiras. Segundo ele, que trabalha na praia há 12 anos, muitos banhistas trocaram o mar pelo chuveirão de água salgada.
"Ontem entraram na água algumas pessoas desavisadas, mas, quando tomavam conhecimento do ataque, saíam imediatamente", afirmou o comerciante.
Rivalcy diz que sempre alerta seus clientes a ficar com água somente até a cintura. "Se passar disso, é brincar de roleta russa", disse o barraqueiro que em 1999 presenciou o ataque ao surfista Charles Pires, hoje com 35 anos, que perdeu as duas mãos.
No dia seguinte, em homenagem a Charles, Paulo Rivalcy diz ter feito a tatuagem dos tubarões que exibe no tronco.
Os comerciantes da praia dizem que o novo ataque foi mais um golpe na atividade que já sofreu uma considerável queda, segundo eles, graças à Lei Seca.
Eles dizem que, caso o governo acate a recomendação feita nesta terça-feira (23) pelo Ministério Público de proibir o banho de mar em trechos da praia, será o fim do comércio da orla.
"Não tem cabimento. Houve uma época em que proibiram porque diziam que tinha cólera. Nós sofremos muito", disse o barraqueiro Severino José da Silva, 53, que trabalha na praia de Boa Viagem desde a década de 1980.
Desde 1992, Pernambuco registrou 59 ataques de tubarão com 24 mortes. A última vítima foi a turista paulista Bruna Gobbi, 18, morta na segunda-feira (24).
A família dela fazia a liberação do corpo no IML (Instituto Médico Legal) nesta manhã. O enterro a jovem está previsto para esta tarde, em Escada (a 63 km do Recife), onde vive a maior parte da família dela.
Folha
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