Canal orçado em R$ 27 mi é parcialmente destruído após duas chuvas no Sertão da PB
Obra
vem sendo alvo de polêmica e de reclamações de moradores das margens do
canal que tiveram prejuízos com inundações nas últimas chuvas
Canal do Frango |
A obra começa no Bairro Jardim Lacerda, segue pelo Belo Horizonte, Comunidade do Frango (que batiza a obra), Jardim Europa e finaliza no Bairro do Juá Doce, onde desemboca no Rio Espinharas.
Ao invés de servir para impedir inundações e amenizar os estragos causados pelas enxurradas comuns da época de chuvas, que é quando a seca sazonal dá uma trégua, o canal vem provocando polêmica e tem sido alvo de reclamações, principalmente de quem mora às suas margens e mesmo assim continua sofrendo com as cheias.
O canal do Frango foi inaugurado no dia 26 de agosto passado. A obra de macrodrenagem é composta de canal de concreto, pontilhões, pavimentação, calçadas laterais, iluminação e arborização. Ela iria aumentar a capacidade de armazenamento do Açude Santa Clara, que passaria de 94.000 m³ para 164.000 m³, conforme informações do próprio Ministério das Cidades.
A obra teria capacidade de armazenamento de 70.000 metros cúbicos de água e, conforme os cálculos para sua realização, protegeria as localidades das cheias pelo período de cem anos.
Mas o tão esperado Canal do Frango não resistiu sequer à primeira chuva de 70 milímetros registrada na cidade de Patos, no mês de fevereiro deste ano. A grande obra de macrodrenagem não impediu que casas da comunidade de Frango fossem invadidas.
As inundações registradas pegaram a população de surpresa e o medo das cheias e de prejuízos voltaram a atormentar, principalmente aquelas pessoas que residem nas áreas mais baixas.
As grandes chuvas do período, em que os pluviômetros marcaram acima dos 130 milímetros, registradas nos dias 1ª e 18 de março, vieram para denunciar de vez a fragilidade da obra. Parte da estrutura foi levada pela enxurrada. Foram trechos do asfalto que margeia o canal, pontes, passarelas, árvores da jardinagem. Partes destruídas pela força das águas que deveriam ser drenadas pelo canal.
Pelo menos 30 famílias das localidades beneficiadas pelo Canal do Franco ficaram desabrigadas. No restante da cidade o número de famílias desabrigadas chegou a cem. Novamente o que restou aos moradores foi contar os prejuízos. Sem falar na inundação das ruas adjacentes que danificou automóveis e deixou transeuntes ilhados por horas, à espera das águas baixarem.
As chuvas que vêm animando e dando esperanças de um bom inverno passaram a ser um tormento para a população das margens do canal do Frango. A última registrada na noite desse domingo (30) marcou 75 milímetros no Centro de Patos, de acordo com pluviômetros da Emater-PB. Novos danos foram causados à grandiosa obra que passa por reparos para tentar restaurar os estragos feitos pela chuva do dia 1º de março. O sustentáculo de madeira para impedir novas erosões na armação de cimento que reveste o canal não resistiu às águas e foi arrastado pela correnteza.
O engenheiro agrônomo, especialista em recursos hídricos, Francisco Soares de Lima, disse que o canal do Frango só atende a 30% da capacidade e que cálculos foram ignorados no projeto. "Qualquer chuva que ultrapasse 70 milímetros causará transbordamento do Canal do Frango", alertou.
A prova do que diz, segundo Francisco Soares, está na constância de inundações provocadas a cada chuva mais forte que ocorre. "Existem erros técnicos gritantes no projeto", opina. Ele afirma que esses erros fazem com que chuvas de 70 milímetros causem problemas que antes não causavam aos os que moram as margens do canal.
Obra incompleta
O engenheiro da Prefeitura de Patos, Amílcar Soares, declarou que todos as informações negativas divulgadas sobre o Canal do Frango são exageradas. Na opinião dele, foi apenas uma pequena parte que desmoronou com as chuvas. "Foram apenas 30 metros, num universo de quase cinco mil metros. Não podíamos adivinhar que cairia uma chuva de mais de cem milímetros", reclamou.
Amílcar amenizou a situação dizendo que a chuva que causou os estragos na obra foi bem acima da média e que houve transbordamento apenas em alguns pontos. "No todo, o canal do Frango se comportou bem porque a obra ainda não está completa. Faltam mais dois canais adjacentes serem construídos. O canal do Noé Trajano e o do Novo Horizonte, que irão contemplar a bacia do Frango", explicou.
O engenheiro explicou, ainda, que por falta desses dois canais adjacentes as águas das chuvas teriam corrido desordenadamente e causado toda aquela inundação.
Ele disse que o Canal do Frango está com 60% das obras concluídas e que os recursos para o restante das obras já foram aprovados desde o final do ano passado pelo Ministério das Cidades, faltando apenas a liberação por parte da Caixa Econômica Federal, para que os trabalhos recomecem.
Quanto à restauração da parte danificada pelas chuvas, ele disse que estaria a cargo da empresa construtora.
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